Minha
infância e as brincadeiras
Vivianne Ferreira dos Santos
Nasci em 1991, no Rio de
Janeiro. Sou a filha mais velha e a neta que morava mais longe. Por sorte, como
morava em prédio, tinha outras crianças, apesar de serem todas mais velhas que
eu. Brincava bastante sozinha, tinha minhas bonecas e uma casinha de pano que
eu amava... Pelas minhas fotos, era assim que eu brincava. E também ia à praia,
mas não é algo que me lembre. Fui pra escola cedo, e, também pelas fotos, eu gostava
bastante.
Em 1993, meu irmão nasceu.
Passei a ter companhia nas minhas brincadeiras, mas ele ainda era bem
pequenininho, então não eram muitas brincadeiras. Eu já ia à escola, gastava
minhas energias lá. Lembro bem do parquinho da escola, e de como monopolizava o
balanço. Balançava tão alto quanto podia, e podia ver um bosque que existe nos
fundos da escola. Da escola, também lembro de um pequeno pátio em que havia
pneus. E eu me divertia demais empurrando pneus de um lado a outro. Fora as simples
brincadeiras de correr: pique-pega, menino pega menina, correntinha. Lembro das
rodas de socialização, de sentar num tapetinho marrom para ficar na roda... É
uma lembrança bem forte. Já na escola de ensino fundamental, eu brincava de
pular corda, de pular elástico. Havia competições entre nós, pra quem pulava
mais, pra que chegava mais longe no elástico. Teve uma época em que levávamos
nossas bonecas e “barbies” ... Íamos com kit completo, e a imaginação rolava
solta nesses momentos. Uma lembrança forte que tenho foi de uma vez que
brincamos de banco imobiliário debaixo da escada que tinha na escola. A gente
teve que ficar segurando porque ventava muito. Foi um dia bem legal.
Quanto às brincadeiras em
casa, com meus vizinhos, meus primos e coleguinhas da rua da casa da minha vó,
elas sempre foram demais, não tenho do que reclamar. Quando eu só podia brincar
em casa, gostava de brincar de casinha e de escolinha. Meus alunos eram meu
irmão e meus ursinhos de pelúcia. Usava meu quadro-negro, e quando não tinha
giz, eu usava folhas de papel com as atividades, coladas com durex no guarda-roupas.
Depois que aprendi a ler, gostava de folhear meus livros de escola e gibis.
Quando pude brincar na rua, me soltei. Andava de bicicleta, de patinete e
tentava andar de patins. Descia de elevador e subia de escada. Brincava na rua
de taco – pau na lata –, e futebol: muitas vezes fiquei sem brincar porque
havia machucado do dedão do pé. Brinquei muito de correr, de pique: polícia e
ladrão, pique-esconde, menino pega menina. Com as minhas vizinhas, brincava de
boneca, com os meninos, a brincadeira escolhida era quase sempre pique-esconde.
Como não podia soltar pipa, soltava saco. Quando chovia, era dia de abrir os
jogos: banco imobiliário, perfil, show do milhão. E é claro, o videogame. Amava
jogar, apesar de não ser boa, e no seu auge, a gente só ficava em casa jogando.
Mas é claro, que sempre preferimos ir pra rua brincar do que ficar em casa.
O brincar me deu um senso de
coletividade muito grande. Sempre fomos muitos e eu, normalmente sendo a
criança mais velha, estava habituada a organizar tudo. Também cuidava de quem
se machucava, já que eu não podia brincar, porque eu me encontrava regularmente
nessa situação. Isso me traz um traço de responsabilidade sobre o menor, o mais
novo, que, agora, percebo ser bastante forte em mim. Por brincar sozinha,
também tenho uma capacidade de me focar numa só atividade.
Por tudo que a minha infância
me proporcionou, por esse tempo de felicidade ingênua, sem responsabilidade,
vejo que preciso proteger a infância, e principalmente, o momento do brincar.
Como futura professora, e futura mão, preciso preservar e valorizar esse ato
próprio da criança, visto que atualmente esse momento está desvalorizado, em
relação à “sociedade do conhecimento”. Protegendo o momento da brincadeira na
infância, posso assegurar um desenvolvimento correto para a criança, sem
atropelar e adiantar as fases seguintes.
Narrativa - Janaina Lopes
Acredito que minha infância foi bem proveitosa com brincadeiras. Tenho uma irmã mais velha e ela brincava muito na rua de elástico, bets, jogava vôlei e eu sempre estava com ela. Brinquei muito com meus primos que tem minha idade, fazíamos clubinho, piquenique, usávamos bastante a imaginação para brincar. Penso que essas brincadeiras nos ajudam a desenvolver bastante, inclusive nossa autonomia, pois nessas brincadeiras temos situações que imaginamos e decidimos por nós sem a interferência de um adulto.
Vivianne que relato rico! Repleto de reflexão! Uma infância intensamente vivida com brincadeiras, memórias tão singelas e bonitas. Que esta criança permaneça viva assim em você e "proteja" as novas crianças que estão perdendo seu espaço atualmente.
ResponderExcluirMuito obrigada pela partilha!
Janaina, como a infância é mais bonita com irmãos e primos!
ResponderExcluirRealmente a brincadeira das crianças, sem a interferência dos adultos, é essencial. Proporcione isso para suas crianças !